quarta-feira, 25 de novembro de 2009


A menina que amou demais

Há quase cinco anos, Joana e David cruzaram-se por acaso na rua, sorriram e amaram-se logo. Há uma semana, ela apareceu morta na mala de um carro, na Barragem de Fagilde. Primeiro ele disse que tinham sido raptados, depois admitiu que a matara. Hoje, dia da violência contra as mulheres, contamos a primeira parte de uma história de amor obsessivo. Por Paulo Moura (texto) e Adriano Miranda (fotos)


"Joana andava já no Ciclo e ainda acreditava no Pai Natal. O irmão mais novo dizia-lhe: "Olha ali o papel de embrulho em cima do armário. Não vês que é a mãe que compra os presentes?" Mas Joana não olhava. David, o namorado que viria a ter mais tarde, também acreditava em tudo o que lhe diziam. Chegou a andar muito entusiasmado com a ideia de ir para a Madeira trabalhar numa fábrica de encurvar bananas. "Não sabe, sogrinha? Elas nascem direitas e depois é preciso dar-lhes aquela forma", explicava ele a Paula, a mãe de Joana. "Ganham-se fortunas nesse negócio das bananas."

Eram os dois assim, uns totós. Mas inteligentes. Ele, 22 anos, a tirar Engenharia do Ambiente, brilhava em todos os trabalhos que fazia, ela, 20, era excelente aluna e tinha um talento especial para a escrita. Estava no 1.º ano do Curso de Comunicação Social, em Viseu. Quando via a Manuela Moura Guedes na televisão voltava-se para Paula: "Mãezinha, um dia vais ouvir-me dizer, ali naquele ecrã, "Boa noite, eu sou a Joana Fulgêncio"."

Há quase cinco anos, Joana e David cruzaram-se por acaso na rua, sorriram e amaram-se logo. Pouco depois começaram a namorar: no dia 3 de Julho de 2005. O número 03-07-05 tornou-se mágico. Está gravado em capas de cadernos, em fotografias, em quadros, em t-shirts, em sapatilhas. Era com ele que Joana apostava no Euromilhões. Ganhou um valor de símbolo, como todos os objectos que de alguma forma se relacionaram com a sua história de amor. Estão todos no "baú", um grande cesto de verga guardado no quarto de Joana. Postais, cartas, bilhetes que escreveram um ao outro estão no baú. Cadernos com poemas, outros com transcrições completas de SMS, bilhetes de autocarro, de espectáculos, contas de restaurantes, de hotéis de umas certas férias estão no baú. Peças de lingerie que David ofereceu a Joana, ou que foram usadas numa certa noite de núpcias estão no baú. Velas, t-shirts com palavras de amor, jeans usadas, ténis rotos, tickets de portagens, pacotes de açúcar, um pão que sobrou de um certo piquenique, um guardanapo a que David limpou a boca, num jantar romântico, estão no baú.

Paixão e sofrimento

Iam guardando tudo ali, como um património, um relicário. Algo vivo e totémico que, como tal, se transformava consoante a própria realidade ia mudando. "Porque é que o baú se limita a guardar farrapos velhos e não armazena memórias?", escreveu Joana numa das cartas que não enviou a David, em Abril deste ano, quando estavam temporariamente zangados. "Sabes... o vento que em horas más consigo arrasta folhas sem rumo, também ele se encarregará de trazer o que a cada um de nós pertence."

As zangas sempre fizeram parte da relação, mas nunca duraram muito. Durante elas, a paixão era ainda maior. Tão grande como o sofrimento. E como a felicidade da reconciliação. Eram ciclos que dominavam completamente as vidas de ambos, e ficavam gravados por todo o lado. Nas cartas, nas mensagens, nos diários. "A instabilidade foi narrada em vários capítulos, um conto cujo fim permanece tão dissolvido quanto as pegadas que um dia deixámos decalcadas na areia", escreveu Joana, em Março de 2009.

E depois, ela, cujo nome se confundia com as alcunhas carinhosas que ele lhe atribuía (couve, manga, abelha, árvore): "Couve feliz. Couve feliz. Couve feliz. Couve feliiiiz! Por há muito tempo não estar assim... Quero e desejo tanto que isto tenha vindo para ficar."

São centenas de páginas de diários, de cartas, de cadernos. "Digam o que disserem, façam o que fizerem, mudes o que mudares, eu vou estar sempre aqui. Aqui para te fazer sentir o que sofri. Aqui para lutar por ti. Aqui para ficar contigo até ao fim." Toda a história está escrita, do princípio ao fim, com sangue. "Contigo aprendi a amar. É ao teu lado o meu lugar. Além de tudo o que significas, és tudo o que não suporto perder. Um dia que duvides das minhas palavras, guarda para ti esse sentimento, que só a ti pertence. Não me largues de novo." Uma história de amor total. "Tudo mudou desde a entrada dele na minha vida. Porquê? Porque o futuro é ele. Foi o passado, está no presente, está nos sonhos a realizar. Não me interessa o que possam pensar. Interessa-me apenas o meu "eu" e ele. Só nós! É a ele que quero dedicar tudo. É com ele que quero acabar. É com ele que quero dormir na praia, ver jogos de futebol, ir a concertos, fazer compras. É com ele que sempre sonhei ver o pôr-do-sol. É com ele. É com ele. É com ele." É uma história cheia de repetições, de insistências. Tudo começa e acaba com "Amo-te... Amo-te meu amor... O maior amor do mundo... Amo-te como nunca entenderás... Amo-te para sempre, como nunca ninguém julgou ser possível amar... Um dia serão inventadas as palavras para descrever um amor como este... Hoje, ainda é inexplicável."

Os trabalhos da faculdade de Joana, artigos escritos para o jornal da escola, poemas incluídos num trabalho de Português, o tema é sempre o mesmo: o David e o amor dela por ele. No fim de um trabalho do 10.º ano que começava com "encontrei o amor e entrei no caminho dos sonhos", um professor escreveu: "Poesia sentida e sofrida. Vê-se que é uma poesia torrencial, que saiu da tua alma."

Paula, a mãe de Joana, nunca achou normal aquela relação. "Não era um comportamento próprio de quem namora há quase cinco anos. Estavam sempre tão apaixonados, tão obcecados um pelo outro que parecia que tinham acabado de se conhecer." O quarto de Joana, que tem no papel de parede e na colcha da cama o mesmo padrão de listas brancas e pretas, como uma pantera que não existe, é um santuário. Há fotografias de Joana e David nas paredes, há t-shirts com a fotografia deles gravada, idêntica às que Joana imprimiu nas capas dos cadernos escolares, nos abat-jours e nas jarras de flores.

Vida planeada

"A Joana tinha a vida toda planeada. Daqui a dois anos comprar uma casa no Porto, casar com o David e ter dois filhos, chamados Mariana e Bernardo." Joana conheceu David aos 15 anos, nunca teve outro namorado nem seria capaz, diz Paula. "Eu sempre achei que se um dia eles se separassem ela ia para freira."

Apesar disso, David era ciumento. Não deixou a namorada participar nas praxes académicas, afastava-a de amigos e amigas, criticava-a por usar minissaia, e até de perder peso, porque poderia atrair outros homens. Paula apanhou várias vezes Joana a comer Nestum, a mando de David.

Este, apesar de possessivo, teve várias escapadelas, até mesmo relações com outras raparigas. Mas voltava sempre. Joana ficava de novo feliz, e Paula também. Fazia tudo para agradar à filha. Quando ela fez 16 anos, zangou-se porque apanhou um SMS de David que dizia "... agora já tens idade para dar umas quecas". Mas depois aceitou tudo. Deixava a filha, às sextas-feiras, ir dormir a casa de David. E quando ela fez 16 anos ofereceu-lhe uma noite de lua-de-mel no Hotel Ónix. "A melhor forma que encontrei para te proporcionar uma data inesquecível junto de quem tu tanto amas...", escreveu ela.

Era normal mãe e filha trocarem bilhetes e mensagens carinhosas. As de Joana estão carregadas de amor, como sempre. Ela era assim, Paula já o sabia. Por isso apoiava o namoro com David. Achava que ele era um miúdo "que não tinha maneiras", e que se vestia de forma demasiado esquisita, com as calças ao fundo do rabo, cabelo pintado e maquilhagem na cara. "Mas a maluqueira dele até dava alegria à casa. Eu via-o como a um filho." Um dia, Paula sugeriu à filha: "Conheço um sítio muito bonito para ires com o David." E indicou a barragem de Fagilde.

Quando, há uma semana, a filha desapareceu, à noite, dias depois de uma violenta discussão com David, em que ela quis terminar a relação, instintivamente foi procurá-la lá. O Peujeot 306 com que tinham saído, para jantar fora, no centro comercial Palácio do Gelo, estava despenhado num socalco junto ao rio, com o cadáver de Joana na mala, o crânio desfeito e metido num saco de plástico. David, que apareceu ferido, num bar de Fagilde, contou à Polícia uma história de ameaças, carjacking e sequestro. Mas depois confessou que foi ele que a matou com um objecto metálico. Numa das últimas páginas do diário, Joana tinha escrito: "Levarei comigo e cá dentro para sempre o homem que me mudou, as acções que me transformaram e enriqueceram, tudo o que se evaporou num estalar de dedos. Quer queiras ou não, acredites ou não, levo eternamente o teu nome... David."" - http://jornal.publico.clix.pt/noticia/25-11-2009/a-menina--que-amou-demais-18287173.htm


Bem aqui vai mais uma parte da história que tem feito correr tinta na imprensa portuguesa...

Apenas venho postar este noticia do jornal o público porque achei relevante...

Talvez este suposto amor, era um amor doentio... Diziam-me hoje, se calhar só havia amor de um dos lados... Podemos pensar que sim, e talvez fosse... Outros falam em posse, alguém que possui... Não sei...

Não quero acreditar que existe pessoas que são capazes de matar, bater ou castigar a pessoa que amam porque sentem que são suas, como antigamente os reis tinham o seu reinado e a sua mulher e tudo mais... Ninguém é posse de ninguém...

Quero acreditar que estas pessoas que assim pensam terão a sua lição de vida e terão que pensar que se temos uma pessoa ao nosso lado, temos porque ela nos ama ou simplesmente gosta de nós como somos... Infelizmente estes casos acontecem em grande número com homens a mal tratarem a mulher ou até matá-las como é o caso acima descrito... Ninguém está acima de ninguém e ninguém nasce para ser possuído... Temos que olhar para lado e ter na nossa companhia uma fonte de ajuda e não um objecto de posse.

Quem pensa que uma pessoa pode ser um objecto, está errado e ao ler o artigo sobre este casal... Pense, mas que pense bem... Valerá a pena alguém entregar-se de corpo e alma e jurar que nem a morte fará esquecer momentos únicos à pessoa, à pessoa que nos vai tirar a coisa mais importante que temos?! A vida... A pessoa a quem nós dizíamos amar?

Para a Joana a tal palavra que ia definir o sentimento dela pelo David tal como ela diz não existe, nem nunca irá existir, pois mal ela sabia que a morte lhe apareceria de forma abrupta e tão cruel que até ao mais insensível deixa revoltado...

Nós coexistimos para conviver e não para nos matar-mos....

Quem planeia uma morte tem que sofrer as consequências dos seus actos, não basta apenas ser considerado um "maluquinho", estas pessoas talvez nem um advogado merecessem, pois a seu lado deveriam sentir a ausência de uma protecção/defesa, um sentimento que com a morte de alguém provocaram nos familiares e amigos dessa pessoa falecida...

Ninguém é Senhor da verdade, eu também não sou, não sou castigador, nem quero sê-lo, mas penso que é de opinião geral que estas pessoas merecem um castigo severo...
Os pais deste rapaz estão a ser castigados, porque além de terem um filho que fez esta injustiça, não mereciam criar alguém que fosse desumano... porque por certo não terá sido o ideal que coexistia entre o seio familiar deles...

À familia da Joana, que já perderam o pai em tempos, terão que conviver com mais uma perda abrupta, infelizmente por alguém a quem a mãe da Joana considerava um filho... Não sabia ela o que ia acontecer, ajudou-os para depois assistir a isto... Eu não acredito no destino e cada vez menos acreditarei, porque ninguém nasce para matar nem para decidir a vida de ninguém...


Os meus sentimentos à familia enlutada... e que todas nós aprendamos com estaHistória...


Ass: André Tavares

terça-feira, 24 de novembro de 2009




" Suspeito confessou crime e é ouvido hoje em tribunal. A vítima, sua namorada há cinco anos, vai hoje a enterrar. Caso extremamente violento choca a comunidade local e a família.
"Requintes de grande violência e alguma premeditação." É desta forma que os investigadores da Polícia Judiciária classificam o homicídio de Joana Fulgêncio, encontrada morta na Barragem de Fagilde, em Mangualde, na quarta-feira. A morte da jovem terá ocorrido nos arredores de Viseu e depois o corpo levado para a barragem. O namorado, principal suspeito do crime, para "grande surpresa" da família da vítima, confessou o crime. É hoje ouvido em tribunal. Na base do crime estão motivos passionais.

Na madrugada de quarta-feira Joana Fulgêncio, de 20 anos, foi encontrada morta, com um saco de plástico na cabeça, no interior de um carro lançado para a barragem de Fagilde. Antes Joana Fulgêncio esteve na companhia do namorado, David Saldanha, com quem mantinha um relacionamento há cinco anos, que apareceu descalço durante a madrugada a pedir socorro num café nas margens da barragem. Foi essa queixa que levou as autoridades a encontrarem o corpo da jovem e levantou suspeitas.
Poucas horas depois do crime, que chocou a comunidade académica viseense (ver caixa), a Polícia Judiciária deteve o namorado da estudante do Instituto Politécnico de Viseu (IPV). Segundo fonte policial David Saldanha, de 22 anos, "premeditou o crime e agiu com grande violência e sangue frio".
A jovem "foi morta ainda em Viseu, esfaqueada com um objecto metálico cortante", e posteriormente "a cabeça foi coberta com um saco plástico e a vítima transportada na mala do carro para a barragem", adiantou a fonte. Durante todo o dia de ontem agentes da PJ realizaram buscas nas imediações da barragem para "encontrar o objecto que provocou as facadas". A PJ visionou ainda as imagens da videovigilância do bar onde o jovem foi pedir ajuda. As imagens "mostram o suspeito a caminhar e a deitar-se no chão antes de abrirem a porta do bar", precisou a fonte da PJ. É convicção dos investigadores que na origem do crime "estiveram motivos passionais".
Ao que o DN apurou junto de fonte próxima da mãe da vítima o casal de namorados "teve uma violenta discussão na última sexta-feira porque o David era muito ciumento". Segundo esta fonte "o David era muito bem visto pela mãe que recebeu as suspeitas da polícia com grande surpresa". Segundo fonte da PJ o jovem "já confessou alguns factos mas ainda não disse que objecto usou". Terá sido durante a confissão que o suspeito "confirmou o envio de um SMS, para a mãe, a partir do telemóvel da vítima onde informava que os dois iriam jantar fora".
O crime surpreendeu os habitantes de Mangualde. David Saldanha era tido como "um rapaz trabalhador e sossegado", contou um vizinho. A casa do suspeito está fechada e a "família ausente". O jovem ficou detido, nos calabouços da PJ de Coimbra, ainda na madrugada de ontem depois de um primeiro inquérito policial. É hoje ouvido no Tribunal de Mangualde e está "acusado de um crime de homicídio qualificado", revelou a PJ em comunicado.
Já a vítima é sepultada hoje num cemitério de Viseu.
O homicídio deixou a comunidade académica consternada. Os alunos do IPV têm dispensa de três dias das aulas para assistir às cerimónias fúnebres. "

http://www.daotv.pt/site/main/index/see?id=1599

São noticias destas que deixam-me em estado de revolta...

Porque existem pessoas assim?

Será que namoramos para uma pessoas 5 anos e que essa pessoas que sabe todas as nossas fraquezas nos mata???!!! É justo? A vida não é justa...

Só vim escrever esta noticia para deixar uma palavra de sentida neste momento de tristeza para a família da Joana e libertar um bocado da raiva que me vai na alma...

Gostava que o mundo estivesse perto da perfeição...

É um sonho eu sei...



Ass: André Tavares

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Futebol...

Bem, hoje vou falar de uma coisa que eu gosto de ver, gostava... Nem sei...

Poderão pensar que será por o meu clube perder muito? ganhar pouco? ser prejudicado? ou ser beneficiado?

Como jogador de futebol que fui, chateia-me ver estas cenas de excesso de fanatismo e de culto que existe nu futebol, falo do nosso pequeno futebol, pois é o único que conheço a realidade interna.
Vivemos uma actualidade futebolística que que critica hoje por ser prejudicado é beneficiado no jogo seguinte. Os visados são os mesmos, os árbitros, são humanos e erram... Mas temos que ver uma coisa, já dizia alguém... é preciso ver ver ver... enquanto que o típico treinador de bancada está no sofá a ver o futebol e vê a imagem 3,4 5 ou mais vezes e de vários ângulos o pobre coitado só ve de uma e por vezes nem sempre a melhor, porque ele é apenas um para um campo tão grande, e os ajudantes apenas podem andar ao comprido da linha lateral até ao meio campo como limite... grande ajuda, ve se existe fora de jogo e se sai a bola, que em casos tão extremos é de dificil percepeção que depois também saem visados... Coitados, se eles tivessem uma televisão que se pudesse fazer uma linha e ainda por cima se pudesse por num angulo que desse para dar razão a uma opinião influenciada.

Coitados destes senhores que em relação aos praticantes do futebol são tão mal pagos...

Vamos pedir aos jogadores que joguem, aos treinadores que treinem e aos presidentes e directores que representem a equipa e se deixem de pressões e de favores... Porque o futebol é seguido por miudos e graudos e todos eles o vêm para se divertir....

eu luto por um futebol sem erros e imparcial, mas para isso é preciso haver condições para tal, e talvez uma limpeza nas pessoas que estão envolvidas...

O dinheiro fala alto e todo se deixa influenciar, vamos acreditas que o futebol pode ser um sitio para convivio entre rivais que apenas usam a rivalidade em cânticos e confrontos verbais através dos mesmo cânticos, porque o futebol não dá alimento a 80% de que assiste, mas está na causa de muita zanga...

Bem haja a todos os leitores...